quarta-feira, 23 de maio de 2007

Ventos que não sopram não são ventos.

Ultimamente tenho sido ultrapassado pelos ventos que não são ventos. As quatro paredes acomodaram-se às minhas idéias. Uma simbiose tão perfeita, que meus impulsos de criação se tornaram menores que o tempo de um orgasmo. Saudosismo estranho, de coisas que aconteceram num passado muito recente mesmo, ontem talvez. Essa mistura tão confusa que é difícil de explicar a você mesmo.

Sentar e ouvir minhas bandas preferidas tem sido um martírio pra mim. Minha vida é jogada toda em minha face como um turbilhão desordenado de coisas que não precisam de certa cronologia pra fazer sentido. Cada refrão é cortante. É solitário demais gostar além do permitido do que quer que seja.

Bem, fora isso, tenho a incômoda impressão que o tempo só não parou pra mim. Estão todos lá com sua inocência. Será que só eu vejo que a maioria das coisas não tem graça? Parece até que só eu faço aniversário. E pior ainda, todos os dias!Acabo permitindo-me aceitar que esse é um ano de reclusão. Na verdade eu queria que fosse um semestre de reclusão. Quem sabe eu deveria acreditar mais em mim. Repito pr mim mesmo: Ventos que não sopram não são ventos. Eu posso. Vamos! Run Forrest, run!

12 comentários:

Monique disse...

Vai ver meus textos são tão impertinente pela maneira como eu me coloco neles .
Mas seus textos tbm não são diferentes, senti uma semelhança com os seus dias e os meus , mas uma vez um professor me disse que quem questiona tema tendência a solidão .
Adoro ficar sozinha . Adoro fumar sozinha .
Mas sinto falta de coisas que possam ser companhia . não pessoas , sim elas tbm , mas na maioria das vezes sinto falta de conversas.


:)
Bem vindo ao mundo dos pensadores .


ps : esse link Artenativo é do jornal que sou editora aqui em minha cidade . Temos uma cooperativa cultural . A ediçaõ deste mes ja esta nesse link-blog se quiser ver .

Abraço

Lara disse...

Esse também será um ano de reclusão (essa coisa gigantesca e outorgada que me domina mais por medo do que por necessidade). E repito incansavelmente: "Que passe, que passe, que passe."

B. disse...

Se eu fizesse aniversário todos os dias do ano teria por volta de seis mil duzendos e seis anos incompletos. Gostei de pensar assim.
Enfim, eu não li o livro mas já vi o filme (aliás, o tenho aqui em casa). Imagino que ler deve ser melhor, prefiro.

Ei, tempo não é vento. Vento quente encomoda. Vento que não sopra não é vento. Concordo com o que dizes, mas são estados de espírito, muda.

Sâmela disse...

Que profunto, melancólico!
As vezes me sinto assim, e me acho a pessoa mais racional do mundo. Como se faz um samba sem um pouco de tristeza? Otimo texto, bom samba.
Um beijo

Rebeca Xavier disse...

a infertilidade é um dos nossos momentos mais férteis

Pedro Nakasu disse...

acaba por denotar um certo egoísmo do eu lírico, mas os ventos continuam a soprar, querendo ou não. E os que não são vento, só eles o sabem.

Marília Passos disse...

a inquietude, né? :) o que fazer com ela também me pergunto. tem gente que diz "escreva!", mas e quando para alem das nao-ideias, inexiste qualquer vontade?

eu digo, entao: NAO escreva. e se me permite um conselho, evite reclusões. nunca entendi mto bem pq se fez isso, mas hj em dia so me faz sentido aos budistas, monges e cosias assim. artistas? insensato ir atras de fechados.. ;)

e se me permite ainda uma vez:
será mesmo que o mundo é sem graça?

a cor é bem capaz de ser dos olhos de quem vê.

Renata disse...

Tá parecendo coisa dos olhos, e não dos ventos ou das paredes...

Maré disse...

Não há olhar capaz de enxergar tudo. O segredo está nos detalhes. Gostei dos ventos e dos sopros...

Maré disse...

novos caminhos cruzam verbos antigos...

Sher disse...

coisas sem graça e palhaços assustados = retrato do hoje.

Flow...

Thalita Castello Branco Fontenele disse...

É preciso superar-se um bocado, diriam, mas e daí? Há dias que tudo sopra e nada é vento.

Gostaria de perguntar algo:
Nós nos conhecemos?

Até.