segunda-feira, 24 de junho de 2013

Menina flor

Esse teu tímido sorriso me desarma.
É um leve sopro que não deixa nada no lugar
E eu, folha seca, nessa árvore quase a me soltar
Me apaixono por ti. É minha sina, é meu carma.

E não tem mistério em nada disso
Nem ninguém a torcer por nós
É um pé no inferno, outro no paraíso
O suor que não ficou em nossos lençóis

Divertido falar de “nós” sem você saber
Assim tua timidez continua linda
Mas será essa pressa pra depois do “ainda”
O fim desse velho filme de ganhar e perder

Por isso, escrevo, menina flor
Por isso calo ou falo qualquer bobagem
Porque a verdade por trás do amor
Não é mais do que a mais necessária miragem

domingo, 23 de junho de 2013

Penumbra

Do clareamento, ao longo de um ponto seguro.
Na ponte onde asas batem, vejas por onde voa a música, sinta o cheiro de suicídio.
Suas lágrimas estão repletas em folhas secas de um ambiente lugar-comum.
Em um rosto avermelhado se enxerga marcas depressivas.
O desânimo da vida te invade aos poucos, costurando os pontos, levitando ao teu lado.
O áspero toque das cordas rastejando em teu pescoço, em uma pele sátira de solidão.
Revendo pedaços de sua vida então, mas se vão...
Junto com limitados sonhos, e a liberdade de prisão.
O aprisionamento do seu ser, no que pode não ser, pra te satisfazer.
Um salto para o encontro esplendoroso, de um doce e amargo vazio silencioso. 

sábado, 15 de junho de 2013

Andarilho

Do fim da rua, até o sorriso sutil, do teu olhar que me parece viril.
Tuas mãos, foi isso que surgiu, cambaleando ao longo do pouco que ficou, e por fim, tropeçou. Aquela agonia, desde o dia que a vi em suas pétalas, ela ali depositou-se.
Desde então, tudo que vivíamos borrou em roupas cinzas, e em rastros do teu fumo.
Você supondo as voltas.
As cordas de um meio termo taciturno, e toda a desordem que causaram.
Das sombras surgem, palavras que se desdobram, sentimentos se recolhem.
Era um dia a mais, um tapete nublado, um coração fechado.
A vizinhança de decepções, com portas desprezadas trancadas, um par de asas, caixas com lágrimas, olhares repletos de liberdades contidas.
E um longo pensamento de pessoas que se erguem tortas.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A noite, teu colo e meu ego

E não adianta ir a qualquer lugar.
Eu sem você é estrada sem nó, sentimentos lançados no mundo solto, gira solidão.
Cadarços desamarrados, um passo frouxo.
Um tropeço, coração ao avesso.
Os ventos uivam em direção a você, sem manhãs e pó nesse mundo tão só.
Nada rima com um sorriso sem graça, o cinza espelha, o frio sopro desconhecido, oh vida sem graça, a rotina se repassa.
As noites se repetem, e eu quero te acolher, ao fim te pertencer.
Rachar os dias em vão, essa transfusa ilusão, um recíproco de nossos corpos então.
Sem foco, eu não te ouço aqui, já não sei rir, um riso aflito e eu me retraio a algo extremamente opaco.
Os acasos se distraem ao nos ver, no meu singelo estar, uma gota, o vento a levar, meus pés ainda a chorar.
Cansei de ignorar, a vida se encontrou, a agonia se desfez e você enfim voltou.
No simples repouso do teu colo, não seria egoísmo estender a mão.

Medo da luz.

Seus cigarros apagaram na solidão de seu corpo.
Só restaram cinzas da morte que passou pela escuridão, sem vertigens.
Medos se foram, almas morreram.
De lembrança uma arma, suicídio.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Simbiose

Me tira a última gota de sangue.
Põe minha pele pra secar ao sol.
Alimenta teu espírito com minha alma.
Conquista o mundo com minha mente.
E antes que eu me esqueça:
Se olhares através dos meus olhos,
Enxergarás tua beleza.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Uma nova coragem...

Os dias que em um novo lago depressa deitaram, e eu me guardo para uma nova coragem.
Apenas uma troca de almas e lhe aponto novas estradas.
Aprecie teu rosto no longínquo horizonte.
Eu me tornei vagamente esquecido.
Você diz para irmos com a mente no refúgio, há um lugar nesse passado transfuso.
Pequenos fatos, eu me esbarro, nesse chão não erguerei as rugas que se vão.
Eu me tornei entorpecidamente recluso.
Minhas mãos não se estendem a esses cigarros confortavelmente aqui deixados.
O olhar súdito se aproxima do taciturno dessa rotina, pedras traçadas, e se reanima.
Liberdade pra quem viria, só teus passos e tua agonia.
Sinto que posso voar nessa ilusão, nesse doce permitir, minha emoção.

Colecionador de ilusões.

Só quando pulou da ponte de extermínio foi que pude perceber que ele poderia ser, bem mais de alguém que se distrai. Ele voou, como cantam as borboletas. Desprezado e rejeitado ele saltou, como saltam os longínquos humanos no espaço vazio de sua mãe, aproveitando-se enquanto não libertos eles estão dispersos. Ele gritou, como o ar em fúria com contentamento. Ele respirou, como o último suspiro que se forma eficaz, a primeira apatia se refaz. Ele sentou, com olhar de guerra não registrada como na noite passada. Ele caminhou, mas como ninguém qualquer parou, o fim chegou, não avisou. Ele ajudou, como cegos enxergando as cegueiras de um todo, do mundo solto. Ele sorriu, como o sol que nasce todos os dias para aprender mentiras escondidas não compreendidas, suas palavras não movem nem a si mesmo. Ele amou, mas como qualquer coisa não adiantou, o amor não restou, mas ele amou. Ele se foi, com outro caminho de passos traçados e coleções de outras opções. Ele era apenas um sonhador com suas ilusões a alegrar, feliz em amar. Triste ao lembrar que em cada pedra rodopiasse desconhecidamente passados de imaginações futuras, sua sociedade utópica.