quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Abordagens

Eles querem a força transpirando por suas mãos e empatia transparecendo em seus olhos.
De nada importa, mas procuram uma veia peculiar.
Tudo que se quer encontrar, essas conexões dentre ossos da cabeça, escondidas, a surpresa análise, tecido epitelial, nada sensível.
Algo estável, mas esse amor não se submete.
Arrepiante tocar afável, injete um novo pertencer.
Horripilante anoitecer, alguns passos para trás, feche os olhos, acenda as outras esquecidas estrelas, torne-se o momento.
Se já não tardia, encaixe-se nas conexões, plante algumas almas, ame essas sementes.
Sopro profundo, infiltração certeira, sem remetentes.
A voz de questionamento, o mundo familiar que nunca se ouvira.
Além de tais semelhanças, o que vem de vocês, eu honrarei.
Abordagens diretas, tons maiores, talvez não seja a maneira certa.
Paralisar, mas ainda se sente o vazio preenchido da dor.
Movimentos não serão obtidos, verá tudo no muro indo embora, ficará nos destroços.
E não pretenderá rachar os dentes, gritar, a chance de silenciar.
O sangue não será escondido pelas folhas secas, eles vão te achar.

domingo, 11 de agosto de 2013

Outro alguém de si mesmo

A mesma fumaça que se forma pura é aquela que se junta crua. Tanto esperar já se passou, decifrar um coração em uma cova, realinhar a vida torta. A apatia que se forma eficaz, sopra as cores, a cada pessoa que mora em ti, em cada situação agir. Ouviu-se a nova pessoa, experimente outra coisa boa. As tuas bebidas incendeiam os lábios amargos, sinto doer, a memória foge das tuas mãos. O descansar dos olhos entorpecentes que se fecham, e ao abrir, um novo espaldar. As palavras que não se sente, emitem o som do teu não viver. Nos tempos seguintes, o auxílio pra lembrar, as cinzas dos cigarros, o cheiro a marcar. A vida sustenta o crescimento da alma, ao desabar sinais da razão do teu ser. Os ventos uivantes que destroem com facilidade, os toques pesados são os mesmos que adoecem.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Desejos escarlates

Não é a mesma pele, as rugas marcadas na memória e estampadas no brilho do teu olhar.
O fervor de uma lenta pretensão, de um nascer amargo e inocente.
A fuga das luzes que o rodeiam, o meu medo de ficar, o teu receio.
Um desejo carnal avermelhado domina, a sola dos teus lábios que me pisam ao longo da neblina, insistente dominação.
Nenhum silêncio, você não me concentra.
E vivo de uma mera despedida, a recusa do seu ser, me pertencer.
O som das tuas mãos, súditas na porta, a passagem entristecente de efervescentes harmonias, lágrimas salgadas e saudades.
E se vai depressa, as faíscas de memória, mas você aqui não consente.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Menina flor

Esse teu tímido sorriso me desarma.
É um leve sopro que não deixa nada no lugar
E eu, folha seca, nessa árvore quase a me soltar
Me apaixono por ti. É minha sina, é meu carma.

E não tem mistério em nada disso
Nem ninguém a torcer por nós
É um pé no inferno, outro no paraíso
O suor que não ficou em nossos lençóis

Divertido falar de “nós” sem você saber
Assim tua timidez continua linda
Mas será essa pressa pra depois do “ainda”
O fim desse velho filme de ganhar e perder

Por isso, escrevo, menina flor
Por isso calo ou falo qualquer bobagem
Porque a verdade por trás do amor
Não é mais do que a mais necessária miragem

domingo, 23 de junho de 2013

Penumbra

Do clareamento, ao longo de um ponto seguro.
Na ponte onde asas batem, vejas por onde voa a música, sinta o cheiro de suicídio.
Suas lágrimas estão repletas em folhas secas de um ambiente lugar-comum.
Em um rosto avermelhado se enxerga marcas depressivas.
O desânimo da vida te invade aos poucos, costurando os pontos, levitando ao teu lado.
O áspero toque das cordas rastejando em teu pescoço, em uma pele sátira de solidão.
Revendo pedaços de sua vida então, mas se vão...
Junto com limitados sonhos, e a liberdade de prisão.
O aprisionamento do seu ser, no que pode não ser, pra te satisfazer.
Um salto para o encontro esplendoroso, de um doce e amargo vazio silencioso. 

sábado, 15 de junho de 2013

Andarilho

Do fim da rua, até o sorriso sutil, do teu olhar que me parece viril.
Tuas mãos, foi isso que surgiu, cambaleando ao longo do pouco que ficou, e por fim, tropeçou. Aquela agonia, desde o dia que a vi em suas pétalas, ela ali depositou-se.
Desde então, tudo que vivíamos borrou em roupas cinzas, e em rastros do teu fumo.
Você supondo as voltas.
As cordas de um meio termo taciturno, e toda a desordem que causaram.
Das sombras surgem, palavras que se desdobram, sentimentos se recolhem.
Era um dia a mais, um tapete nublado, um coração fechado.
A vizinhança de decepções, com portas desprezadas trancadas, um par de asas, caixas com lágrimas, olhares repletos de liberdades contidas.
E um longo pensamento de pessoas que se erguem tortas.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A noite, teu colo e meu ego

E não adianta ir a qualquer lugar.
Eu sem você é estrada sem nó, sentimentos lançados no mundo solto, gira solidão.
Cadarços desamarrados, um passo frouxo.
Um tropeço, coração ao avesso.
Os ventos uivam em direção a você, sem manhãs e pó nesse mundo tão só.
Nada rima com um sorriso sem graça, o cinza espelha, o frio sopro desconhecido, oh vida sem graça, a rotina se repassa.
As noites se repetem, e eu quero te acolher, ao fim te pertencer.
Rachar os dias em vão, essa transfusa ilusão, um recíproco de nossos corpos então.
Sem foco, eu não te ouço aqui, já não sei rir, um riso aflito e eu me retraio a algo extremamente opaco.
Os acasos se distraem ao nos ver, no meu singelo estar, uma gota, o vento a levar, meus pés ainda a chorar.
Cansei de ignorar, a vida se encontrou, a agonia se desfez e você enfim voltou.
No simples repouso do teu colo, não seria egoísmo estender a mão.

Medo da luz.

Seus cigarros apagaram na solidão de seu corpo.
Só restaram cinzas da morte que passou pela escuridão, sem vertigens.
Medos se foram, almas morreram.
De lembrança uma arma, suicídio.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Simbiose

Me tira a última gota de sangue.
Põe minha pele pra secar ao sol.
Alimenta teu espírito com minha alma.
Conquista o mundo com minha mente.
E antes que eu me esqueça:
Se olhares através dos meus olhos,
Enxergarás tua beleza.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Uma nova coragem...

Os dias que em um novo lago depressa deitaram, e eu me guardo para uma nova coragem.
Apenas uma troca de almas e lhe aponto novas estradas.
Aprecie teu rosto no longínquo horizonte.
Eu me tornei vagamente esquecido.
Você diz para irmos com a mente no refúgio, há um lugar nesse passado transfuso.
Pequenos fatos, eu me esbarro, nesse chão não erguerei as rugas que se vão.
Eu me tornei entorpecidamente recluso.
Minhas mãos não se estendem a esses cigarros confortavelmente aqui deixados.
O olhar súdito se aproxima do taciturno dessa rotina, pedras traçadas, e se reanima.
Liberdade pra quem viria, só teus passos e tua agonia.
Sinto que posso voar nessa ilusão, nesse doce permitir, minha emoção.

Colecionador de ilusões.

Só quando pulou da ponte de extermínio foi que pude perceber que ele poderia ser, bem mais de alguém que se distrai. Ele voou, como cantam as borboletas. Desprezado e rejeitado ele saltou, como saltam os longínquos humanos no espaço vazio de sua mãe, aproveitando-se enquanto não libertos eles estão dispersos. Ele gritou, como o ar em fúria com contentamento. Ele respirou, como o último suspiro que se forma eficaz, a primeira apatia se refaz. Ele sentou, com olhar de guerra não registrada como na noite passada. Ele caminhou, mas como ninguém qualquer parou, o fim chegou, não avisou. Ele ajudou, como cegos enxergando as cegueiras de um todo, do mundo solto. Ele sorriu, como o sol que nasce todos os dias para aprender mentiras escondidas não compreendidas, suas palavras não movem nem a si mesmo. Ele amou, mas como qualquer coisa não adiantou, o amor não restou, mas ele amou. Ele se foi, com outro caminho de passos traçados e coleções de outras opções. Ele era apenas um sonhador com suas ilusões a alegrar, feliz em amar. Triste ao lembrar que em cada pedra rodopiasse desconhecidamente passados de imaginações futuras, sua sociedade utópica.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Poetas suicidas

Todo poeta tem o demônio dentro da alma, dois anjos banhados de sangue que rasgam suas costas, e Deus acima de sua cabeça lhe entregando o livre arbítrio.
Todo poeta tem uma forca e uma cadeira a sua disposição, um revólver com balas, uma cartela de medicamentos ou uma janela aberta chamando para um salto.
Todo poeta é esperado no paraíso com suas sete cabeças de besta-fera, suas sete igrejas sujas de esperma de pedófilos.
Todo poeta é santo.
Todo poeta é belo.
Todo poeta é maior que a morte. 
Tudo sobre o inferno é mentira
Os suicidas dançam alegres no paraíso
No céu não há padres nem pastores
No céu só existem poetas

terça-feira, 28 de maio de 2013

As voltas que o mundo dá?

E essa história de que o mundo dá voltas?
Você aí parado esperando um novo dia
E o dia, todos os dias, esperando que você se mexa

O tempo passa, passa...
Nada muda.
Será que faltou sorte?

Não, não é isso.
Até a chuva que cai do céu, pra lá volta.

Acabarás sendo digno de nada
Se continuares tentando conseguir tudo...
... por nada.


segunda-feira, 27 de maio de 2013

Quer provar?

Me dá a mão que eu te mostro como ir vertiginosamente do céu ao inferno.
Não sei se isso lhe é curioso, ou se é isso que te falta.
Só sei que isso é o melhor que sei fazer.
Ah, não! Não se preocupe. Eu sempre chego aqui em cima de novo.
Demora, é verdade. Pra ser sincero, curto cada segundo aqui. Não gosto lá de baixo, não.
Eu amo mesmo é da sensação da queda, o vazio, o incerto, o que nos move coercitivamente.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Tudo será só meu, se assim você quiser

Esse próximo sonho, eu decici que vou sonhar sozinho
Porque se eu acordar sem nada
Não haverão perguntas sarcásticas no meu caminho.

E se nem pra ti, eu perco o medo e confesso
Não é pra alguém que não torce por mim
Que vou lamentar um provável insucesso

Não sei qual o problemas das pessoas
Em teimar tentar sentir prazer
Quando não nos acontecem coisas boas

Por isso, esse sonho é só meu
E enquanto sonhar eu vou tentando
Que você o aceite também como seu

E assim, calado, quando eu sozinho acordar
Nem você, nem ninguém
Me cobrarão lágrimas que teimam em não rolar

Isso tudo é pra ti, sem você imaginar, sem saber
Deixa que o que for ruim eu guardo aqui
Que eu já me acostumei com esse filme que insisto em ver...

De novo
Bem novo
Gostoso
Doloroso.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Lies

Continuo com a velha mania
De inventar uma nova dor
Pra esquecer da dor antiga

É gritar sem voz em agonia
É pintar um mundo sem cor
É fazer da dor, sua amiga

Vamos?

Faz desse meu sangue, o teu
Me toma o tempo que me resta
Faz da minha boca, a tua
Transforma esse velório em festa

Me dá esse sorriso, 
Me leva pra casa
Que eu faço o que for preciso
Eu ando até sobre brasa

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Definhar

E cada vez mais... 
Conversou menos
Riu menos
Amou menos
Arriscou menos
Acabou que irremediavelmente...
Viveu menos

Retalhos

Nada fica
Nada passa
E assim moldamos nossos sentimentos
Verdadeira colcha de retalhos
Um pedacinho seu ali
Um buraquinho que você deixou aqui
Nada fica
Nada passa

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Snowflake


Fiquei radiante, como criança a brincar.
Quis rir pra disfarçar a ansiedade
Éramos nós dois em cumplicidade
Coloquei música, te convidei pra dançar

Você bailava mesmo parada
Eu via cada passo teu
Espelho, espelho meu
Procurei teu refelxo e nada

Eu tremia, eu suava
Esperando uma palavra tua
Você toda branca, toda nua
De tanto bater, meu coração parava

É maldito querer bem
Em meu peito, eu meu colo
Não me atrevo, eu não olho
Eu não quero mais ninguém

Mal me quer, bem me quer.

Todo beijo inocente
É beijo da alma
Todo corpo inocente
É corpo da alma
Toda alma inocente beija
Toda alma inocente é carne
Toda alma indecente
É beijo que evapora
É corpo fora do lugar, fora de hora
Em toda alma indecente
Eu vejo teu corpo
Teu beijo
Tua inocência diferente
Tua alma inexistente
Tua carne quente
Tua cama cheia de gente

Opaca

É recado dado
Esse retrado falado
De tudo que é mudo
Depois do absurdo

De tudo que é nada
De alma lavada
Do beijo que pede
Perdão que se pede

Eu peço você
Meu costume, meu vício
Eu peço porque
Você é precipício

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Um hiato de dois anos (mais um)

Esse blog me faz lembrar de mim. Isso mesmo.
A primeira postagem é de fevereiro de 2007.
Houveram pausas. Várias.
Uma de um ano, outra de dois.
E agora mais essa, de dois anos também.
A última postagem é de fevereiro de 2011.
Interessantíssimo reler coisas boas que escrevi,
Bem como coisas ridículas. Sim. Há coisas horríveis.
Mas toda essa mistura me explica um pouco.
Hiato interrompido.
Hoje, 15 de maio de 2013.